Um dos mais antigos e festeiros bairros de Maceió, Bebedouro é lembrado nos livros de história de Maceió como palco de memoráveis festas, de encontros políticos, comercio em franco desenvolvimento e a hospitalidade de seus moradores, que continuam sendo preservados pelas novas gerações. O bairro já foi o preferido da elite alagoana, que construíam seus casarões na rua principal, próximo à lagoa Mundaú e a linha férrea. Serviu de reduto do português Jacintho Nunes Leite e do major Bonifácio Silveira, os dois verdadeiros construtores do progresso. Mas Bebedouro também foi palco de manifestos políticos, que desencadearam em verdadeiras guerrilhas, como a dos Lisos e Cabeludos. Os políticos sempre tiveram no bairro um reduto para suas propagandas em tempos de eleições, elegendo a Praça Lucena Maranhão como centro dos comícios, atraindo muitos eleitores. Prometiam e continuam prometendo melhorias para o bairro, que nunca chegam. Pouco se faz por aquele pedaço de Maceió, que mais parece uma cidade do interior, com moradores preservando hábitos ainda provincianos; a pracinha; a feira-livre; a estação ferroviária e as missas na matriz. Bebedouro nos tempos do major Bonifácio Silveira era um reduto festeiro, conhecido de todos os maceioenses, que se deslocavam para lá e participavam do Natal e do Carnaval. A praça principal virava um imenso parque de diversões. Na época dos bondes, os festeiros usavam esse tipo de transporte para chegar até lá ou mesmo pegavam o trem de passageiros no curto percurso partindo da estação central de Maceió e ainda observando a paisagem de bairros como Levada, Cambona, Bom Parto e Mutange, com o visual da Lagoa Mundaú. E o Colégio Bom Conselho? Quantas normalistas passaram por aquele casarão da rua Cônego Costa desde o tempo do Asilo dos Órfãos? Lembranças de professoras aposentadas que viveram sua adolescência naquela escola, e que ainda hoje mantém as religiosas na administração; a capelinha, os salões imensos com móveis coloniais, e as salas de aula arejadas e bem cuidadas. O casarão da família Nunes Leite permanece lá intacto, preservados pelos descendes do comendador Jacintho Nunes Leite, um português que elegeu Bebedouro como seu reduto, e levou o progresso para lá. Casarões imponentes, como o da família Leão, hoje ocupados pela Clínica de Repouso Dr. José Lopes de Mendonça, e tantos outros que margeiam a principal rua de acesso ao bairro, a maioria já descaracterizada.
Matriz de Santo Antonio tem azulejos portugueses
Foi o comendador Jacintho Nunes Leite quem importou de Portugal os azulejos que adornam a matriz de Bebedouro, Sob a invocação de Santo Antonio. É desse rico industrial, a principal liderança do bairro no século passado, e também a doação do sino da velha igreja feito na Fundição Alagoana de sua propriedade. A matriz é o símbolo da fé católica dos moradores do bairro. Nela são realizados, batizados, casamentos e outros atos religiosos. Por ela passaram varias sacerdotes, amigos fiéis dos católicos, como o atual bispo de Palmeira dos Índios, Dom Fernando Iório. A igreja fica na principal praça, com coreto, bancos e sempre movimentada. Em dias de festa de Santo Antonio e no Natal, é o ponto de concentração dos moradores e visitantes. O coreto, que ornamenta mais ainda a praça também foi obra do comendador Jacintho Nunes Leite, que viveu no casarão, e ainda hoje é preservado pelos seus descendentes. Os saudosistas lembram das retretas em dia de festa. A praça sempre foi o centro de convergência dos bebedourenses. Em dias de baile, no Clube 29 de Julho, ela ficava fervilhando de jovens, que paqueravam e aguardavam os primeiros acordes da orquestra para começar a farra.
Família Nunes Leite levou o progresso a Bebedouro

A história de Bebedouro tem marca de uma família portuguesa: A Nunes Leite, cujo tronco é o comendador Jacintho José Nunes Leite, que chegou ao bairro quando ainda era um arrebalde. Construiu a casa grande, ergueu um engenho de açúcar e o progresso foi chegando aos poucos, até se tornar num espaço urbano preferido da burguesia do século passado, nos primeiros anos do século XX. Liberal, o comendador Nunes Leite, sempre se manteve à frente de sua época na defesa do desenvolvimento econômico e social da cidade que escolheu para viver e criar seus filhos. Tornou-se logo antipático em meio aos senhores de engenho já que comprava escravos e libertava. Mas seu poder econômico, como dono da única fundição da província, fazia com que os coronéis sempre recorressem aos seus serviços, pois todo o material necessário à manutenção de um engenho bangüê, era fornecido por ele. Mas a trajetória desse português começou mesmo no comercio, quando inaugurou uma loja de ferragens na rua do comércio, em Maceió. Era a Jacintho Leite & Cia. Ltda, que marcou época. Depois comandou a Fundição Alagoana, em Jaraguá, a fábrica de tecidos de Fernão Velho, a companhia de bondes de Maceió, e implantou o serviço de abastecimento de água de Bebedouro, o pioneiro na cidade. A família Nunes Leite é a mais tradicional de Bebedouro. Faz questão de manter o “Solar dos Nunes”, um casarão construído pelo patriarca, que fica na praça principal do bairro, e tudo lembra a trajetória desse português, verdadeiro construtor do progresso de Maceió.
Memórias de minha rua

Félix Lima Júnior deixou uma grande contribuição à preservação de Maceió. Veja a origem de algumas ruas de Bebedouro, um dos mais tradicionais bairros da cidade:
Rua Bernardo Mendonça: antiga rua do Cardoso. O Dr. Bernardo de Mendonça Castelo Branco foi deputado por Alagoas e prestigioso chefe do Partido Conservador.
Ladeira do Calmon: Salvador Calmon de Siqueira, farmacêutico e dentista, nasceu na Bahia, ma radicou-se em Maceió, onde chegou a eleger-se deputado e vice-prefeito de Maceió. Esteve à frente dos negócios municipais por pouco tempo, devido à agitação política da época. Construiu uma casa na ladeira, a qual, por esse motivo tomou seu nome.
Rua Cônego Costa: antiga rua do Comércio é a principal do bairro a mais movimentada ainda hoje, onde está localizada a maior parte das casas comerciais, além do majestoso Colégio Bom Conselho. Antonio José da Costa, sacerdote e político exaltado, foi proprietário do jornal Diário de Alagoas, o primeiro que circulou diariamente em Maceió nos últimos anos do século passado.
Rua Faustino Silveira. O patrono foi o professor da Escola Normal. Jornalista e despachante federal, tendo residido em Bebedouro por muito tempo.
Rua Carteiro João Firmino: Carteiro aposentado do Correio, era uma figura muito popular no bairro.

O ponto chique do Natal de Bebedouro
O major Bonifácio Silveira, com seu espírito festeiro, conseguiu transformar Bebedouro no ponto chique da temporada de festas de final de ano. Por mais de três décadas, ele conseguiu promover o Natal mais animado de Maceió. Recebia visitantes na praça principal do bairro e em sua casa.
O sábio J. P. Porto Carrero, quando estudante, passou o Natal de 1902 em Maceió, e visitou Bebedouro, onde dançava-se o autentico coco, que na época não era uma dança popular e sim, uma manifestação folclórica dos salões chiques da cidade. Ele descreveu seu primeiro Natal em Bebedouro assim: “Foi em Bebedouro que travei conhecimento no celebrado coco das Alagoas, que sem dúvida é o nosso de Pernambuco também, porém é ali que se dança com mais fervor. Direi o mesmo como algum rito de religião tradicionalmente venerado. Foi ali no alto da residência do sr. Bonifácio Silveira, toda iluminada a giorno na fronteira e nos oitos”.
Para quem viveu em Maceió nas primeiras décadas desse século, não esquece as festas de Bebedouro. O Natal era o mais animado da cidade. A praça se enfeitava de bandeirolas multicoloridas e outros adornos natalinos; fogos de artifício pipocavam no céu iluminado de estrelas; as retretas; o pastoril; o guerreiro, o coco, a chegança e outras manifestações folclóricas, além das barracas de bebidas e guloseimas.
O mês de maio também era comemorado na matriz de Bebedouro, ainda nos tempos de Império. Era um acontecimento que merecia destaque na imprensa local. O Diário de Alagoas publicava em uma de suas um apelo aos moradores do bairro para que varressem as calçadas e ruas, por onde passaria a procissão.
Saudosistas lembram dos passeios de bonde
Quem viveu em Bebedouro até a década de 50, não esquece o passeio de bonde até o Centro que se prolongava ao Farol, Pajuçara e Trapiche. Eram momentos de intenso prazer, apreciando a paisagem bonita dos casarões e dos trens de passageiros, que percorriam quase o mesmo trajeto. Fazer compras no comercio central ou mesmo ir até a praia da Avenida, na época ponto de encontro da juventude, era programa obrigatório dos jovens e adultos que viviam naquele bairro. Tomar banho de rio, saborear frutas da Granja Conceição, passear pela praça depois da missa do domingo, paquerar, bailar no clube do bairro, que ficava na esquina entre a praça e a principal rua do bairro, se constituíam em momentos agradáveis que ninguém esquece. Quando não tinha mesmo o que fazer dava uma chegada até a ferroviária, onde aguardava-se o trem que saia de Maceió em demanda as margens do rio São Francisco e ao Recife. Publicado em O JORNAL, Maceió, domingo, 17 de novembro de 1996.
Este texto é original como publicado na época
O PARQUE MUNICIPAL QUE ESTÁ SITUADO NO BAIRRO DE BEBEDOURO.

Parque Municipal, opção de lazer e educação ambiental
Fonte: Secretaria Municipal de Comunicação (SECOM/Maceió) Crédito das fotos: Yvette Moura e Francisco Medeiros
Preservar os ecossistemas existentes, promover atividades esportivas e o lazer, incentivar a pesquisa científica, além de promover a educação ambiental são os objetivos do Parque Municipal de Maceió, que é um lugar com muito verde, propício para caminhadas, contemplação da natureza, além de relaxamento e meditação.
O Parque Municipal é uma reserva de Mata Atlântica, situado na parte oeste da cidade, no bairro de Bebedouro, com uma área total de 82 hectares e administrado pela Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma).
Dentro do Parque são oferecidos diversos serviços para os visitantes como a distribuição de mudas de espécies da Mata Atlântica à comunidade, trilhas ecológicas, educação ambiental, com palestras e aulas práticas, além de monitores treinados para guiar pequenos grupos pelas trilhas. No parque existem diversas espécies de vegetação típica da Mata Atlântica como embiriba, sucupira, pau-ferro, embaúba, ingazeiro e pau-brasil. Também existem mamíferos como o bicho-preguiça, sagüi, cassaco, cotia, tamanduá, tatu, além de aves como galinha d'água, xexéu, sabiá-da-mata, coruja, bacurau, fura-barreira e répteis: jacaré, jibóia, camaleão e teju.
Na entrada principal do parque existe um centro administrativo, uma casa de vegetação, onde são produzidas mudas de espécies da Mata Atlântica, um posto da Guarda Civil Municipal e um espaço onde são desenvolvidas atividades educativas e de lazer com a comunidade.
Os funcionários do Par-que Municipal de Maceió já participam de um curso de Noções Básicas em Educação Ambiental e Humanização no Atendimento que teve como objetivo principal reciclar e despertar neles a importância da preservação dos recursos naturais, humanizar o atendimento aos visitantes do Parque Municipal e formar agentes multiplicadores dos conhecimentos adquiridos no próprio curso.
O parque funciona de terça a domingo das 7h às 17h e fica situado no bairro de Bebedouro.